MANUEL BESSA
RODRIGUES D’AZEVEDO, “BLÉ”
Coronel Aviador da
Força Aérea Portuguesa
Nasceu
no lugar de Montes, freguesia de Olalhas, concelho de Tomar, distrito de
Santarém, a 21 de Junho de 1938.
Filho
de Manuel Rodrigues de Azevedo e de Aurora Celeste Bessa da Silva, ambos
Professores do Ensino Primário.
Ã
responsabilidade do nome BLÉ é da sua irmã (a Dra. Maria Cândida Azevedo) que
sendo ligeiramente mais velha que ele, quando este nasceu, na sua linguagem
monossibálica, referia-se a ele não como o bebé
mas sim como o blé e assim BLÉ
ficou.
O
pai participou activamente no associativismo, na cidadania e na cultura
avintense, tendo exercido acrgos directivos em várias associações avintenses,
nomeadamente no Futebol Clube de Avintes, no Clube Recreativo Avintense, nos
Plebeus Avintenses, nos Bombeiros Voluntários Avintenses. Foi vogal suplente da
Junta de Freguesia, entre os anos de 1951 a 1954 e Juiz Avindor, junto da
Paróquia de S. Pedro de Avintes. Na década de quarenta, em colaboração com o
Professor Aquiles Oliveira, fundou a Cantina Escolar.
A
sua infância, até aos 4/5 anos, foi passada no lugar de Montes, freguesia de
Olalhas, onde os seus pais foram colocados e onde se conheceram e casaram. O
pai, de origem minhota, convenceu a sua mãe, alfacinha, a mudarem-se para o
Norte… e, assim com toda a família, vieram parar a Avintes, de onde nunca mais
saíram. Passou o resto da sua infância e juventude em Avintes que considera
alegre, despreocupada e feliz, junto dos seus amigos de escola que nunca mais
esqueceu e onde jogava à “pincha”, ao “pião” e à “sameira”, coleccionando os “papéis
Vitória”, tudo entremeado com as indispensáveis futeboladas mas… com bola de
trapos. Mais tarde e então já adolescente, integrou um grupo de colegas
estudantes e amigos avintenses, grupo a quem se deve o nascimento e fundação da
União Académica de Avintes.
Frequentou a Escola Primária do Palheirinho, o Liceu Alexandre Herculano, no Porto, e a Academia Militar em Lisboa onde finalizou o curso de Aeronáutica.
Frequentou a Escola Primária do Palheirinho, o Liceu Alexandre Herculano, no Porto, e a Academia Militar em Lisboa onde finalizou o curso de Aeronáutica.
A
sua opção profissional começou por um certo rasgo de aventureirismo, resolvendo
ser aviador e concorrer à Força Aérea para a função de piloto. Para atingir
esse objectivo teve de se submeter a uma selecção extremamente rigorosa,
acabando por ser um dos candidatos considerado apto, iniciando desse modo a sua
vida militar e aeronáutica.
Esta
vida começou na Base Aérea nº 7, em S. Jacinto, onde iniciou a instrução básica
de pilotagem num avião a hélice, bilugar, e monomotor, designado Chipmunk e, tendo terminado a instrução
ao fim de oito meses, rumou para a Base Ajérea nº 1, em Sintra. Aí inicou a Instrução
Complementar de Pilotagem num avião, também bilugar e monomotor a hélice, o T-6 Harvard, muito maior e complicado,
tendo terminado o curso com aproveitamento e recebendo o almejado “brevet” de
piloto-aviador. Foi neste avião e nesta fase da vida que os pilotos cometeram
as maiores asneiras e apanharam os maiores sustos. Ele próprio não resistiu à
tentação de mostrar as suas habilidades quando, já perto do final do curso e
durante um voo a solo de navegação a baixa altitude, resolveu visitar o Largo
do Palheirinho em Avintes e fazer umas passagens a “raspar telhados”. Muito
perigoso que o seu pai não deixou de o repreender na primeira oportunidade.
Os
primeiros classificados do curso foram escolhidos para a pilotagem de aviões a
jacto e assim passou para a Base Aérea da Ota, para os aviões a reacção T-33. Foi no decorrer do curso que o
estado-Maior da Força Aérea convidou os oficiais em formação a candidatar-se à
Academia Militar (ainda não havia Academia da Força Aérea) e daí poderem ingressar
no Quadro Permanente e beneficiarem das regalias inerentes. Candidatou-se, foi
admitido, e começou outra vida académica num curso superior de Ciências, mas
acrescido das disciplinas de foro militar. Tudo isto num enquadramento de
disciplina militar, que tinha um intervalo às 5ªs. feiras, em que saíam da
Academia para a Ota para pilotar. Assim se passaram quatro anos, findos os
quais voltou ao T-33 para readaptação
e conclusão da formação que tinha ficado a meio.
Findo
este curso complementar, foi um dos escolhidos para entrar no “antro” dos
Falcões, elite dos pilotos da Força Aérea localizado na Base Aérea de Monte Real,
onde iniciou então o Curso Operacional que demorou dois anos, findo os quais
foi considerado “combat ready”, segundo a linguagem NATO. Voava então no F-86 Sabre, caça supersónico, monolugar
e monomotor, avião que equipava as Forças Aéreas dos países aliados.
Entretanto
chegou a Guerra do Ultramar e teve de mudar para o Fiat G 91, similar ao Sabre
mas não tão bom. A primeira comissão foi no Norte de Moçambique, seguindo-se a
Guiné e depois Angola. Estava num destacamento em Cabinda quando ocorreu o 25
de Abril. Regressado do Ultramar, voltou para Monte Real, mas não por muito
tempo.
Foi
então colocado no Estado-Maior da Força Aérea a chefia a Repartição de
Segurança de Voo e Investigação de Acidentes, pois tinha frequentado um curso
de formação nessa matéria no estrangeiro. Mais tarde foi transferido para os
Açores, onde ocupou o cargo de Conselheiro Aeronáutico do Comandante-Chefe, e
onde permaneceu cerca de quatro anos.
De
regresso ao Continente foi promovido a Coronel e iniciou nova etapa, o comando
de Base Aérea, tendo começado pela Base Aérea nº 3 em Tancos e depois a Base
Aérea do Lumiar em Lisboa, tendo sido ainda Chefe de Divisão no Estado-Maior da
Força Aérea.
Findas
estas missões iniciou outras muito diferentes, pois foi convidado e aceitou o
cargo de Adido de Defesa Aeronáutica junto das Embaixadas de Portugal em Paris,
Bruxelas e Luxemburgo, com residência em Paris. Neste cargo permaneceu cerca de
quatro anos.
Quando voltou, foi surpreendido com o convite para presidir ao Tribunal Militar da Força Aérea, onde lhe coube a responsabilidade de presidir a um colectivo de três juízes e que julgavam exclusivamente infracções e crimes de natureza militar. O edifício onde funcionava este tribunal é um palácio grandioso que pertenceu aos Condes de Avintes. Embora esta não fosse a área da sua formação, conseguiu “levar a carta a Garcia” com estudo e a ajuda dos seus companheiros juízes. Também desempenhou esta tarefa durante quatro anos e, como entretanto completou os 60 anos, passou á Reserva, o que em termos militares, corresponde à Pré-Reforma.
Foi louvado e condecorado após 39 anos de serviço activo na Força Aérea.
Quando voltou, foi surpreendido com o convite para presidir ao Tribunal Militar da Força Aérea, onde lhe coube a responsabilidade de presidir a um colectivo de três juízes e que julgavam exclusivamente infracções e crimes de natureza militar. O edifício onde funcionava este tribunal é um palácio grandioso que pertenceu aos Condes de Avintes. Embora esta não fosse a área da sua formação, conseguiu “levar a carta a Garcia” com estudo e a ajuda dos seus companheiros juízes. Também desempenhou esta tarefa durante quatro anos e, como entretanto completou os 60 anos, passou á Reserva, o que em termos militares, corresponde à Pré-Reforma.
Foi louvado e condecorado após 39 anos de serviço activo na Força Aérea.