sábado, 5 de fevereiro de 2011

FRANCISCO LOPES DOS SANTOS - Angola





O PRIMEIRO AVINTENSE A PARTIR PARA A GUERRA DE ÁFRICA



Mensagem de Francisco Lopes dos Santos, Soldado condutor da CCAÇ 94, Negage, Ambriz e outros, Angola, 1961/63, com data de 4 de Fevereiro de 2011

No dia 4 de Abril de 1960 assentei praça na Póvoa de Varzim – Manutenção Militar, onde fiz a recruta e segui para o CICA 1, no Porto, tendo tirado a especialidade de condutor.
Fui mobilizado para Angola no dia 18 de Abril de 1961, tendo embarcado no “Niassa”, na sua primeira viagem, três dias depois – 21 de Abril; fazia parte da CCAÇ 94; O segundo Comandante de Companhia era o Alferes Santos Clara, nosso conterrâneo, hoje Coronel na situação de reserva. Chegamos a Luanda no dia 2 de Maio.
No dia 13 de Maio partimos para o mato, em direcção a Negage, vindo a ocupar ainda as povoações de Puri, Macocola, Sanza, Pombo, Quimbele, Rio Zaza (zona em que os nativos ainda praticavam o canibalismo).
Tivemos vários mortos e feridos, mas hoje quero recordar apenas a morte do Furriel Miliciano Faria, em combate. Os meios na época eram bastante reduzidos e tivemos de andar com o corpo deste nosso camarada de armas durante três dias numa viatura. Acabámos por abrir uma sepultura em Caiongo e depositámos o corpo embrulhado e amarrado entre duas portas a fazer de caixão. Passados oito dias, no regresso a Negage, voltámos a Caiongo e verificámos que a sepultura tinha sido aberta pelos terroristas e só lá restavam os ossos; o corpo tinha sido comido.
No segundo ano da minha comissão estive na região de Ambriz, Ambrizete e Bessa Monteiro.
O regresso aconteceu no dia 21 de Abril de 1963, tendo embarcado no navio “Vera Cruz”; chegámos a Lisboa no dia 2 de Maio de 1963. Hoje, quando recordo o dia do meu regresso a Avintes, sinto que fui recebido como sendo um grande Português.
Infelizmente durante a minha comissão, a nossa freguesia já tinha sofrido um morto, precisamente em Angola: o Joaquim de Sousa Ferreira, que era de Espinhaço.
Nos últimos seis anos, aquando da realização do nosso encontro de combatentes de Avintes, sinto um enorme orgulho por transportar a Bandeira Nacional.


1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Camarada, vizinho e amigo Francisco L. Santos:
Cinco anos depois do seu regresso, também eu, pertencendo à Ccaç 2336, percorreria a estrada (picada ?) que me levaria a terras do Sector F, passando também por Ambriz e Ambrizete, (hoje N’Zeto).
Penso, por várias razões, que a Nossa Bandeira se encontra muito bem entregue na sua pessoa, nem todos os da nossa geração, se podem orgulhar de A ter defendido e honrado nem todos sabem o que é ser-se “velhinho”. Continue!

Um abraço,
António Brandão