domingo, 17 de abril de 2011

CONVÍVIO DE 2011














7º. CONVIVIO - 16 DE ABRIL DE 2011

O nosso companheiro Manuel da Costa Monteiro, durante o nosso convívio de ontem, em nome da organização, proferiu o seguinte discurso:

Companheiros, minhas senhoras

Em nome da comissão da Associação de Combatentes de Avintes, queremos agradecer a vossa presença.

Apresentamos um agradecimento muito especial às senhoras aqui presentes, pois vieram dar um colorido e um significado diferente aos nossos convívios e também porque vós desde sempre foram muito importantes nas nossas campanhas do Ultramar.

Minhas Senhoras, quantas de vós naquela época eram já as nossas namoradas, esposas, madrinhas de guerra ou amigas, enquanto nós estávamos no Ultramar?

Quanto sofrimento, quanta dor, quanta angústia porque passaram naquele tempo e muitas de vós ainda hoje sofrem na pele e na alma as consequências das mazelas que quase todos nós trouxemos de lá e que o Estado não quer reconhecer como tal.

Sofremos, tivemos medos, tivemos saudade, mas tudo era esquecido quando recebíamos os vossos aerogramas/bate-estradas. Tudo era lido com sofreguidão, com saudade e com ternura, pois quase sempre eram boas notícias. Nisso vocês eram responsáveis porque tinham o cuidado de não nos transmitirem as notícias menos boas. Por tudo isso é com toda a justiça que vos dizemos obrigado e pedimos aos nossos companheiros que vos dediquem uma forte salva de palmas.

Companheiros, o Padre António Vieira que viveu no século XVII escreveu “Defendeste a Pátria, cumpriste o teu dever; a Pátria foi ingrata, fez o que costuma fazer.”

Companheiros, temos de contrariar esta ideia. Servimos a Pátria; nenhum de nós pode ser esquecido; nenhum de nós pode deixar de ser honrado. Como sabem, o nosso sonho maior é a construção de um monumento aos Combatentes do Ultramar em Avintes. A Junta de Freguesia assumiu a responsabilidade de nos apresentar um projecto e um local para a sua construção. O local apresentado é na zona da Quinta da Mesquita, por trás da GNR, onde já se encontra um pórtico e um tanque. Estamos em negociações para que se encontre um local com outra visibilidade e dignidade. Hoje temos o prazer de vos apresentar a maqueta do nosso monumento, da autoria do arquitecto Octávio Alves.

Peço ao Antero que vos apresente a bandeira que nos foi oferecida. Companheiros, quero fazer um agradecimento especial: Antero, em nome dos Combatentes de Avintes, peço-te que transmitas à tua filha Alexandra, o nosso muito obrigado pela oferta desta bandeira e que a partir de hoje será o nosso guião. Bem haja.

Podereis ver o que virá a ser o registo da memória daqueles que viveram a Guerra de África e, especialmente, daqueles que tombaram ao serviço de Portugal.

Companheiros, é de inteira justiça apresentarmos os nossos agradecimentos:

Ao Sr. Dr. Nuno Oliveira, Presidente da Junta de Freguesia;
ao Sr. António José Vieira, que tem sido o nosso interlocutor na Junta de Freguesia;
e ao Sr. Arquitecto Octávio Alves,
Para eles pedimos uma salva de palmas.

Convidamos para estar presente neste nosso convívio o Sr. Arquitecto Octávio Alves, mas não pode estar presente. Na sua ausência vamos explicar o significado deste conjunto:

O Muro em granito, construído pedra a pedra, representa a nossa unidade, o nosso vigor, a nossa força e a nossa robustez. Representa ainda alguns acidentes de percurso, mercê das circunstâncias da guerra, marcada para sempre por baixas que deixaram os vazios que podemos ver no Muro. Os dez blocos tombados representam cada um dos nossos companheiros que deram a sua vida pela Pátria. A memória deles chegará ao futuro com a gravação do seu nome em cada um dos blocos. O Muro terá inscrita a frase de autoria do Arquitecto Octávio Alves – “OS QUE TOMBARAM, DEIXARAM ABERTO… UM VAZIO”.

Trata-se de um monumento belo e sublime que perpetuará os nossos feitos no Ultramar e que muito honrará certamente os presentes e lembrará aos vindouros todo um passado que nós soubemos honrar.

Mas companheiros como para tudo na vida não basta só o querer, não basta o sonho, temos de enfrentar a realidade e essa realidade é o custo que o monumento acarreta, que não é pouco, são cerca de oito mil euros que teremos de arranjar. Não é este ano mas será certamente para o próximo ano que iremos realizar o sonho. Tudo dependerá de nós e temos de contar com a boa vontade de todos. Sabemos as dificuldades que atravessamos mas, como diz o ditado, uma grande caminhada começa sempre com um pequeno passo. Hoje vamos dar uma prova cabal de que iremos dar esse primeiro passo para angariar fundos para construir este monumento. Para isso vamos pedir que cada um de vós faça o seu contributo junto dos companheiros que irão junto de cada uma das mesas.

Depois iremos fazer o leilão do leitor de DVD sorteado o ano passado e que não foi reclamado pelo vencedor e ainda o leilão das vossas ofertas que hoje recebemos.

Queremos anunciar que o Sr. António, o nosso cozinheiro contribuiu para a nossa causa com cento e setenta euros. Para ele uma salva de palmas.

Companheiros, como muitos de vós sabem, no nosso blogue COMBATENTES DE AVINTES, já temos várias estórias de colegas nossos. Temos afixado nestas paredes alguns exemplos. Este conjunto de estórias servirá para construir a História dos Avintenses, na Guerra de África. Em todas as mesas deixamos impressos para que escrevam algumas coisas da vossa vivência no Ultramar e pedimos que juntem algumas fotografias (que vos serão depois devolvidas). Façam-nos chegar tudo isto e continuaremos a construir a nossa História conjunta.

Companheiros, queremos apresentar os nossos agradecimentos às várias pessoas e entidades que nos têm dado a sua colaboração:

Ao António Soares (Poeta) pela cedência da instalação sonora;
Ao Padre José Augusto Oliveira;
À Guarda Nacional Republicana, posto de Avintes;
À Foto Fonseca, na pessoa do nosso combatente repórter Manuel Martins Fonseca;
Ao Jornal Audiência pela colaboração que nos tem dado;
Aos funcionários do Restaurante, pela sua simpatia;
À Fanfarra de Lever pelo qualidade do serviço que nos prestou, bastante acima do que havia sido contratado.
Todos são merecedores de uma calorosa salva de palmas.

Companheiros, terminamos com um agradecimento a todos, pela vossa presença, pelo contributo que deram a esta nobre causa e pedimos, quando forem de novo solicitados, que o façam com o mesmo empenho que hoje aqui demonstraram.

Obrigado e até sempre.

A Organização


1961 - 2011 - 50 ANOS

Durante este convívio, e porque este ano se comemoram os 50 anos do início das campanhas de África, entendemos ser justo prestar uma singela homenagem aos militares de Avintes que, em 1961, embarcaram para o teatro de guerra e que estiveram presentes. Os nossos camaradas de armas são:


                Francisco Lopes dos Santos
                João Marques de Oliveira (Índia)
                Dr. Joaquim Cardoso Magalhães
                Joaquim Lopes dos Santos (1959/61)
                José Carlos Rodrigues Oliveira
                Manuel Augusto Baptista Oliveira
                Manuel Lino de Sousa Baptista

A homenagem consistiu na entrega de uma garrafa com um rótulo alusivo à efeméride e nele consta a imagem do navio “Niassa” que transportou o primeiro contingente de tropas e a frase “50 ANOS DA PARTIDA PARA O ULTRAMAR“.

Por falha nossa não foi possível fotografar os homenageados. Simbolicamente iremos publicar a fotografia de um dos nossos combatentes, tirada à posteriori, em representação de todos os outros.


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